terça-feira, 15 de julho de 2014

Homenagem Póstuma

Homenagem Póstuma a João Roberto Sobral

RECONHECENDO O POETA SUBOFICIAL JOÃO ROBERTO SOBRAL


João Roberto Sobral nasceu em Quixeramobim, Ceará, em 17 de setembro de 1956, onde viveu parte de sua infância.  Mudou-se, mais tarde, para a cidade vizinha de Quixadá, matriculando-se no ginásio municipal, dando início a sua vida escolar.
Em 1975, fixou residência no Rio de Janeiro, depois de ter ingressado na Marinha do Brasil, onde chegou à graduação de Suboficial, numa carreira encerrada em 2003.
Leitor assíduo de grandes autores, nos quais certamente se inspirou, Sobral logo descobriu sua vocação literária, seu talento para tecer versos e textos de diversos estilos. Escreveu artigos para jornais e revistas, ingressou na APPERJ (Associação Profissional de poetas do estado do Rio de Janeiro) e no SEERJ (Sindicato dos Escritores do estado do Rio de Janeiro); participou de vários eventos literários e poéticos como “Circuito Literário Conversa com Verso”, “Pedra Pura Poesia”, “Poeta saia da Gaveta”.
Seu início oficial no universo das letras deu-se com a publicação do livro de poemas “Falando de Amor & Outras Coisas”. Em seguida escreveu, ainda no gênero, “Coisas Minhas e Tuas e Contos e Cia”, uma mesclagem de contos e poemas. No ano de 2001 publicou seu primeiro romance: “O Vôo do Albatroz. Depois, em 2003, publicou “Memórias do Porto”, romance histórico que aborda acontecimentos do Brasil e da Marinha de Guerra na década de quarenta, como o afundamento do cruzador Bahia.
Sua escrita é toda literatura. Seja no exercício simples de conhecer e decifrar personagens fictícios ou personagens reais, como incansável pesquisador que foi; seja na capacidade latente de desnudar-se em poesias intimistas, que quase sempre provocam o leitor a uma reflexão sobre os principais dilemas existenciais: a vida, a morte, a dor, a saudade...
Em sua escrita marcada por períodos longos, própria de quem tem muito a dizer, percebe-se sua riqueza vocabular, seu involuntário talento para dispor as palavras e estabelecer verdades, que muitas vezes, por pura identificação tornam-se a verdade de que lê.
João Roberto Sobral faleceu no ano de 2007, mas sua obra continua viva nos livros que escreveu ao longo de sua vida.

VELHAS CARTAS

Ontem reli velhas cartas de amor
que você me enviou na ansiedade daquela paixão.
Agora o coração já bate lento, com tranqüilidade,
e a minh’alma pode deparar com a sua sem perder a calma,
pode caminhar pela rua, livre como um colibri,
buscando e querendo um novo rosto para sorrir, para sonhar.

Revi velhas frases, marcas de batom
e aquele seu jeito majestoso numa fotografia
cuja dedicatória me dizia:
“Será pra sempre essa relação.”
Ah, que doce ilusão!

Quero de volta aquele tempo.
Quero ter alguém que me faça tão bem quanto você me fez,
que acabe de uma vez com essa solidão,
que provoque em mim a sensação de estar vivendo,
de querer o infinito, de sofrer, de ficar aflito,
de estar de novo aprendendo a amar.