RECONHECENDO
O POETA SUBOFICIAL JOÃO ROBERTO SOBRAL
João Roberto Sobral nasceu em Quixeramobim, Ceará, em 17 de setembro de
1956, onde viveu parte de sua infância.
Mudou-se, mais tarde, para a cidade vizinha de Quixadá, matriculando-se
no ginásio municipal, dando início a sua vida escolar.
Em 1975, fixou residência no Rio de Janeiro, depois de ter ingressado na
Marinha do Brasil, onde chegou à graduação de Suboficial, numa carreira
encerrada em 2003.
Leitor assíduo de grandes autores, nos quais certamente se inspirou,
Sobral logo descobriu sua vocação literária, seu talento para tecer versos e
textos de diversos estilos. Escreveu artigos para jornais e revistas, ingressou
na APPERJ (Associação Profissional de poetas do estado do Rio de Janeiro) e no
SEERJ (Sindicato dos Escritores do estado do Rio de Janeiro); participou de
vários eventos literários e poéticos como “Circuito Literário Conversa com
Verso”, “Pedra Pura Poesia”, “Poeta saia da Gaveta”.
Seu início oficial no universo das letras deu-se com a publicação do
livro de poemas “Falando de Amor & Outras Coisas”. Em seguida escreveu,
ainda no gênero, “Coisas Minhas e Tuas e Contos e Cia”, uma mesclagem de contos
e poemas. No ano de 2001 publicou seu primeiro romance: “O Vôo do Albatroz. Depois,
em 2003, publicou “Memórias do Porto”, romance histórico que aborda
acontecimentos do Brasil e da Marinha de Guerra na década de quarenta, como o
afundamento do cruzador Bahia.
Sua escrita é toda literatura. Seja no exercício simples de conhecer e
decifrar personagens fictícios ou personagens reais, como incansável
pesquisador que foi; seja na capacidade latente de desnudar-se em poesias
intimistas, que quase sempre provocam o leitor a uma reflexão sobre os
principais dilemas existenciais: a vida, a morte, a dor, a saudade...
Em sua escrita marcada por períodos longos, própria de quem tem muito a
dizer, percebe-se sua riqueza vocabular, seu involuntário talento para dispor
as palavras e estabelecer verdades, que muitas vezes, por pura identificação
tornam-se a verdade de que lê.
João Roberto Sobral faleceu no ano de 2007, mas sua obra continua viva
nos livros que escreveu ao longo de sua vida.
VELHAS CARTAS
Ontem reli velhas cartas de amor
que você me enviou na ansiedade
daquela paixão.
Agora o coração já bate lento, com
tranqüilidade,
e a minh’alma pode deparar com a
sua sem perder a calma,
pode
caminhar pela rua, livre como um colibri,
buscando
e querendo um novo rosto para sorrir, para sonhar.
Revi
velhas frases, marcas de batom
e
aquele seu jeito majestoso numa fotografia
cuja
dedicatória me dizia:
“Será
pra sempre essa relação.”
Ah,
que doce ilusão!
Quero
de volta aquele tempo.
Quero
ter alguém que me faça tão bem quanto você me fez,
que
acabe de uma vez com essa solidão,
que
provoque em mim a sensação de estar vivendo,
de
querer o infinito, de sofrer, de ficar aflito,
de estar de novo aprendendo a amar.